quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

5º Festival Internacional de Cinema do Funchal

Data: 10 a 17 Abril 2010

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Filmes em formato SUPER 8

Apelo: Solicita-se a quem tenha filmes de interesse geral no formato SUPER 8 e que estejam dispostos a colaborar, sem encargos, num projecto que visa reunir imagens do arquipélago da Madeira para edição em DVD, o favor de entregar as bobines na sede do festival de cinema, à Rua Dr. António José de Almeida, nº25 - 1º no Funchal ou na bilheteira do Teatro Municipal Baltazar Dias, em envelope fechado, mencionando o nome e contacto do proprietário.

Objectivo: Reunir imagens da Madeira e edita-las em formato DVD.

Nota: Aos proprietários dos filmes, informamos que as bobines serão devolvidas e nas condições em que o entregaram.
Com certeza que haverá "escondido" em muitas casas da Madeira um espólio de imagens do passado da nossa terra e que representam um testemunho e memória de grande valor. Pretendemos reunir essas imagens e por isso pedimos a sua contribuição.











A organização do Festival Internacional de Cinema do Funchal agradece a colaboração.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

4º Festival Internacional de Cinema do Funchal

Data: 7 a 15 Novembro 2008

Cerca de 230 filmes foram submetidos a concurso e seleccionados 10 para a secção competitiva.

Foram convidados para membros do júri o realizador português José Fonseca e Costa; o critico norte americano e professor de cinema na Univ. de Ohio, Dennis West; a directora do Festróia, Fernanda Silva; a realizadora chilena Pilar Anguita-MacKay e o realizador alemão Alexander Oppersdorff.

Esta edição do festival homenageou o realizador português João Botelho e a actriz italiana Claudia Cardinale.

O Palmarés:
Melhor Filme – TRICKS (Polonia), Andrzej Jakimowski
Melhor Realizador – ANDRZEJ JAKIMOWSKI por “Tricks”
Melhor Actriz – FABIOLA NASCIMENTO por “Estômago"
Melhor Actor (ex-equo) – BEHROUZ JALILI e HAMID HABIBIFAR por “Lonely Tunes of Tehran"
Prémio Especial do Júri – LONELY TUNES OF TEHRAN (Irão), Saman Salour
Prémio do Publico – ESTÔMAGO (Brasil), Marcos Jorge

Homenagem a Claudia Cardinale

Nascida na Tunísia em 1938, filha de mãe francesa e pai italiano, Claudia Cardinale fez-se notar em 1957 depois de ganhar o concurso 'A Mais Bela Italiana da Tunísia'. O prémio foi uma viagem ao Festival de Cinema de Veneza, o que a inspirou para seguir uma carreira como actriz. Depois de estudar na escola de cinema Centro Sperimentale da Roma, fez a sua estreia na tela em 1958, numa comédia clássica de Mario Monicelli, “I soliti ignoti”, seguindo-se um ano depois “Un maledetto imbróglio”, de Pietro Germi.
Claudia Cardinale apareceu no seguimento do sucesso internacional de Sofia Loren, e foi sido considerada a “resposta de Itália” á beleza francesa de Brigitte Bardot, tendo que provar os seus dotes de actriz, para trabalhar com muitos dos mais conceituados realizadores da história do cinema.
Sob a direcção do produtor Franco Cristaldi, Cardinale emergiu como ‘sex-symbol’ mas continuou a aparecer em grandes filmes com realizadores altamente conceituados como Abel Gance, Luchino Visconti, e Philippe de Broca. Em 1963, Cardinale expôs-se como nunca, ao representar “o objeto de fantasias” da estrela Marcello Mastroianni, na obra-prima de Federico Fellini “8 ½ ”.
No mesmo ano, apareceu no épico de Visconti “Il Gattopardo” (O Leopardo).
Estes êxitos chamaram a atenção de Hollywood, e em 1964, na sua primeira produção americana, co-protagonizou o filme “Circus World”, de Henry Hathaway.
No mesmo ano alcançou um enorme sucesso ao contracenar com Peter Sellers na comédia mundialmente famosa, “A Pantera Cor-de-rosa” de Blake Edwards.
Nessa década, Claudia Cardinale continuou a dividir o seu tempo entre Hollywood e a Europa, aparecendo em projectos tão diversos como “ Vaghe stelle dell'Orsa”, em 1964, ao western “The Professionals”, de Richard Brooks.
Em 1968, co-protagonizou o clássico de Sergio Leone “Once upon a time in the West” (Aconteceu no Oeste).
Recentemente apareceu como Contessa Falconetti, no filme de Claude Lelouch, “And now… ladies and gentlemen”.
Em Junho de 1992 foi reconhecida com uma homenagem pela Cinémathèque Française, e agraciada com a “médaille de commandeur dês Arts et dês Lettres”. Em 1999 foi-lhe concedida a prestigiante “Legion d`Honneur”, a mais alta condecoração francesa.
Em Março de 2000, foi nomeada embaixadora da boa-vontade pela UNESCO, pela organização do Director-General Koïchiro Matsuura.
Depois do prémio de carreira “Leão dourado”, atribuído no Festival de Cinema de Veneza em 1993, foi-lhe concedido o prémio equivalente “Urso Dourado”, no Festival de Cinema de Berlim em 2002.

3º Festival Internacional de Cinema do Funchal

Data: 2 a 10 Novembro 2007

Dos cerca de 150 filmes submetidos, foram seleccionados 8 para a secção competitiva.
Foram convidados para membros do júri a produtora brasileira Elisa Tolomeli; o distribuidor francês Bruno Chatelin; o jornalista português José Vieira Mendes; a realizadora brasileira Malú De Martino e o director de fotografia José António Santos.

Esta edição do festival homenageou o realizador português José Fonseca e Costa e a actriz britânica Susannah York.

O Palmarés:
Melhor Filme – BLISS (Turquia), Abdullah Oguz
Melhor Realizador – ABDULLAH OGUZ por “Bliss”
Melhor Actriz – OZGU NAMAL por “Bliss”
Melhor Actor – LIMA DUARTE por “Depois Daquele Baile”
Melhor Argumento – PILAR ANGUITA-MACKAY por “La Memoire des Autres”
Prémio Especial do Júri – EN LA CAMA (Chile), Matias Bize

Prémio do Publico – URANYA (Grécia), Costas Kapakas

Homenagem a Susannah York

SUSANNAH YORK , a encantadora britânica loira e dos olhos azuis, despertou qualidades artísticas quando se atreveu a emigrar para Hollywood no início da década de 60.
Nasceu em Londres em 1941 mas foi na Escócia onde passou a infância e a juventude.
Mais tarde frequentou a London's Royal Academy of Dramatic Act, tendo ganho o prémio “Ronson” para a aluna mais promissora da escola.
O seu debut cinematográfico aconteceu no drama clássico de guerra “Tunes Of Glory” (1960) onde contracenou com Alec Guinness.
Rapidamente ascendeu como uma das actrizes mais versáteis e sensíveis, tendo participado em dramas como “The Greengage Summer” (1961) ou “Freud” (1962) de John Huston, onde contracenou com o consagrado Montgomery Clift.
Em “Tom Jones” (1963), foi o grande amor de Albert Finney, seguindo-se outros notáveis desempenhos em “The 7 th Dawn” (1964) com William Holden, “Kaleidoscope” (1966) com Warren Beatty, “A Man for All Seasons” (1967) com Orson Welles, “The Killing of Sister George” (1968) de Robert Aldrich e “Country Dance” (1968) ao lado de Peter O'Toole.
A confirmação do estatuto de estrela de cinema chegou em 1969 com a sua interpretação no filme de Sydney Pollack “They Shoot Horses, Don't They?” e que lhe valeu o prémio BAFTA assim como a uma nomeação ao Óscar de Hollywood e ainda a um Globo de Ouro como Melhor Actriz.
Em 1972 notabilizou-se em “Zee and Co.” ao lado de Elisabeth Taylor e Michael Caine. No mesmo ano com “Images” de Robert Altman, arrecadou a Palma de Ouro do Festival de Cannes como Melhor Actriz pelo desempenho realista de uma personagem perturbadora, numa história baseada num livro da sua autoria.
Em 1975 interpretou mais um grande papel ao lado de outro York, Michael York e de Richard Attenborough e Christopher Plummer em “Conduct Unbecoming”. Três anos depois surge no ecrã num dos mais populares filmes de sempre, “Superman” I e II, com Christopher Reeve, onde interpretou o papel de mãe do super-herói, cabendo o de pai, a Marlon Brando.
Ainda na década de 70, escreveu os livros infantis “In Search of Unicorns” e “Lark's Castle” entre outras notáveis actuações em cinema e televisão.
Na década de 80 protagonizou entre outros, “The Awakening” ao lado de Charlton Heston e “Falling in Love Again” com Michelle Pfeiffer, sendo também a autora do argumento deste filme.
Também no palco, Susannah York mostra a sua versatilidade e a carreira regista enorme sucesso com peças como “Independent State”, “Picasso's Women”, “The Human Voice” ou “The Loves of Shakespeare's Women”, enquanto nos maiores e variados palcos de teatro aceitava desafios como “Peter Pan”, “Hamlet”, “Camino Real”, “The Merry Wives of Windsors”, “A Streetcar Named Desire”, “Private Lives” e “Agnes of God”.
Actualmente, Susannah York continua com grandes desempenhos em cinema, evidenciando-se, uma vez mais, em “The Gigolos” (2006) num papel encantador e de similitude com as actrizes da sua geração: Judi Dench, Maggie Smith, Julie Christie, Vanessa Redgrave e Helen Mirren.
Este é o merecido reconhecimento da lendária Susannah York.

2º Festival Internacional de Cinema do Funchal

Data: 13 a 19 Novembro 2006

Composto pela projecção de 38 filmes, sendo 26 longas-metragens e 12 curta-metragem, teve na competição oficial competitiva, o seu pilar de sustentação.

Para tal foram convidados como membros do júri o fotógrafo João Pestana, a cineasta Carlota Gonçalves e o produtor norueguês Ruben Thorkildsen.

A abertura oficial do festival realizou-se com o filme “Paris, je t’aime” que contou com a presença do realizador Frédéric Auburtin, assim como Dominique Chastres, o coordenador geral da Festa do Cinema Francês em Portugal, um programa especifico composto por sete filmes produzidos por aquela potência cinematográfica.
As manhãs do festival foram preenchidas pela secção AnimArte, que decorreram na sala Cinemax e em sessão dupla. O sucesso deste programa especifico deveu-se também ao interesse de diversas escolas do Funchal, e que encheram a sala com os seus alunos.

Actividades paralelas:
Homenagem ao actor Virgílio Teixeira com retrospectiva de 2 filmes dos filmes em que protagonizou.

Com edição própria do FICF, destacamos ainda o lançamento de um livro da autoria de Lúcia Silva, sobre a carreira do actor. Presidiu a cerimónia, Sua Ex.ª o Secretário Regional do Turismo e Cultura, perante uma ilustre plateia que encheu por completo o átrio do Teatro Municipal. No final, o director do festival sugeriu á Câmara municipal, também presente, que fosse atribuído o nome do actor a uma rua da nossa cidade. Por fim, o festival entregou o Prémio Carreira aquando a cerimónia de encerramento.
As curtas-metragens em competição, foi outra novidade e veio dar maior estatuto e competitividade ao próprio festival. Foram 12 os filmes seleccionados e 2 os premiados com os realizadores presentes no evento.
Fora de concurso, tivemos ainda 2 propostas muito interessantes. A da coreógrafa e realizadora Olga Roriz e o do videasta madeirense Hugo Olim.
A Festa do Cinema Francês, composto por 7 filmes, sendo 2 dos quais para o publico infanto-juvenil e 1 filme – “Tricheurs” – escolhido para o encerramento por ter no elenco o homenageado e por ter sido rodado na Madeira e particularmente no Casino da Madeira, em 1983.
Diversos convidados marcaram presença no festival, caso de altos dignatários do Instituto do Cinema, das distribuidoras, realizadores, produtores e jornalistas de Portugal continental.
A todos eles foi-lhes proporcionado um programa de visitas guiadas; passeios marítimos; festas nocturnas, etc. merecedores dos melhores comentários os quais registamos com grande satisfação.
O final do festival foi marcado pela cerimónia de entrega de prémios no Teatro Municipal, onde todos os 7 premiados estiveram presente para receber pessoalmente o troféu do festival.
O Café do Teatro foi o local para a festa de encerramento da 2ª edição do FICFEsta edição podemos assistir a um interesse crescente por parte da Comunicação Social da Madeira, com destaque para as intervenções em directo desde o local do evento para o telejornal da RTP-M, em horário nobre; a cobertura diária da imprensa escrita e ainda no plano nacional e internacional com informação sobre o evento em diversas publicações da especialidade e generalista e ainda na Internet.

Palmarés Longas-metragens:
Melhor Filme: “L'ENFANT ENDORMI” de Yasmine Kassari
Melhor Actriz: RACHIDA BRAKNI por “L'Enfant Endormi”
Melhor Actriz: STANISLAS MERHAR por “Muetter”
Prémio Especial do Júri: “MULHERES DO BRASIL” de Malú De Martino
Menção Honrosa: “MUETTER” de Dominique Lienhard
Prémio da Audiência: “POSDATA” de Rafael Escolar


Palmarés Curtas-metragens:
Melhor Filme: “CORRIENTES CIRCULARES” de Mikel Alvariño
Prémio Especial do Júri: “ONE HUNDRED OF A SECOND” de Susan Jacobson


Prémio de Carreira: ao Actor VIRGILIO TEIXEIRA

Homenagem ao actor Virgílio Teixeira

Virgílio Delgado Teixeira nasceu no dia 26 de Outubro de 1917, na cidade do Funchal.

Galã português do cinema nos anos 40, 50 e 60, Virgílio Teixeira conseguiu, desde o início da sua carreira, ultrapassar as próprias fronteiras geográficas da sétima arte. Numa altura em que o mundo se recompunha de um período bastante conturbado, como a Segunda Guerra Mundial, nos finais dos anos 40 havia a vontade de mudar.
É neste contexto que surge Virgílio Teixeira; um jovem madeirense que decide, em 1940, deixar para trás a ilha que o viu nascer e partir para Lisboa levando na bagagem muitos sonhos e a vontade de ser actor. Ao pai, disse « vou ali e já volto » não imaginando que a sua ausência fosse tão longa quanto pensava. Voltou à Madeira vinte e sete anos depois, sendo já actor professional e com um invejável currículo cinematográfico.
Em Portugal, nos anos 40, participou em diversos filmes e a meados dos anos 50 contracenou, em Hollywood, com grandes nomes do cinema norte-americano, experiência que lhe permitiu fazer « amigos para toda a vida ».
Já nos anos 60, em Espanha, o seu trabalho foi reconhecido pelo governo, na altura sob a ditadura de Franco, através do Sindicato Nacional del Espectaculo que lhe concedeu os mesmos direitos civis que dispunham os actores espanhóis.
Virgílio Teixeira regista 92 participações em filmes que se repartem por produções portuguesas, espanholas, italianas, francesas, holandesas, inglesas e americanas, « sem nunca ter tido uma aula de representação. Como é que eu faço 92 filmes sem nunca ter aprendido a representar é uma das perguntas que ainda hoje faço a mim próprio. Sinceramente? Não sei…».
Tudo começou em 1941, ano em que decidiu partir para Lisboa, deixando para trás a família, os amigos e a ilha que o viu nascer.
“Estamos a falar de um “puto” de vinte e poucos anos vindo de uma ilha como a Madeira e que agora se deparava com um cenário e um mundo muito diferente aos quais não estava habituado. Tinha quase tudo penhorado. Roupas, sapatos, objectos pessoais. Como conhecia e era amigo do dono da loja de penhora conseguia lá ir trocar de fato para não ter que andar sempre com a mesma roupa. Isto até ao dia em que decidi pedir dinheiro ao meu pai e ele respondeu: “ — Dinheiro não te mando. Mando-te sim a passagem para vires para a Madeira”. Recebi a passagem de barco. Lembro-me de chegar ao Cais do Sodré, olhar para o barco e olhar para a passagem e pensar: Vais porque tens de ir e não porque queiras ir. Que se lixe! Nem que morra aqui de fome, não vou!»
Estava assim dado aquele que seria o passo mais importante na vida de Virgílio Teixeira.
Do anonimato para as luzes da ribalta
Com pouco mais de vinte anos, foi então que, à porta do Paladium, um clube muito frequentado por pessoas ligadas ao cinema, alguém lhe bateu nas costas; « Era um sábado e eu lembro-me de estar cheio de fome em frente ao Paladium. Chegou ao pé de mim um senhor chamado Armando Miranda, que me perguntou: “ — É o Virgílio Teixeira? Ele disse-me que estava à procura de um galã para o cinema. Como era sábado, marcou um encontro para a segunda-feira seguinte de modo a que acertássemos os pormenores do contrato. Foi na segunda-feira que fiquei a saber que iria contracenar no filme “Ave de Arribação”, com grandes actores, entre os quais, a Leonor Maia e o Assis Pacheco e que ganharia quinze contos pelo contrato».
O segundo filme que fez foi em território espanhol e intitulava-se “Cero en conducta” (Madalena, zero em comportamento) de Frederico Topel e Pedro Opzoup. Como foi parar a Espanha, Virgílio Teixeira explica que essa passagem surgiu por convite já que nos estúdios de cinema em Lisboa se travavam muitos conhecimentos entre actores e realizadores quer portugueses, quer estrangeiros.
« Uma produção “louca” já que reunia pessoas de quase todos os países da Europa. O realizador era polaco, bem como, a actriz principal. O operador de imagem era italiano, o assistente da direcção era alemão. Falava-se ali cinco ou seis línguas o que era muito divertido », recorda o actor.
Foi nesta altura, e já de regresso a Lisboa, que Virgílio Teixeira viu a sua carreira cimentar-se e tornar-se num dos actores mais requisitados do meio cinematográfico da altura. Apesar de ter participado no “Ave de Arribação” (1943), na comédia “O Costa do Castelo (1943) de Arthur Duarte e no drama “Um Homem às Direitas” (1944) de Jorge Brum de Canto, produções com grande êxito de bilheteira, foi com a película “José do Telhado” (1945), de Armando Miranda, que o actor madeirense recebeu o prémio do S.N.I. para o Melhor Actor do Ano.
Quer fosse pelo físico ou talento, a verdade é que Virgílio Teixeira conquistou desde logo as atenções, quer do público, quer das grandes produtoras cinematográficas. Foi em 1947, com o filme “Fado, história d'uma cantadeira”, do realizador Perdigão Queiroga, que o actor contracenou com a diva do fado português, Amália Rodrigues e protagonizou a célebre cena na qual o “Júlio Guitarrista” ensina a fadista “Ana Maria” a cantar.
Assumida figura pública nos anos 50, Virgílio Teixeira continuou nos anos seguintes a somar pontos na sua carreira de actor de cinema, chegando a tornar-se num dos rostos mais cobiçados da sétima arte, não só a nível nacional, como também internacional.
Contudo, a passagem por Londres ficou marcada pela sua excelente participação no filme de “The Boy Who Stole a Million”, gravado em 1960 e realizado por Charles Crichton. Esta é a história de um rapaz, filho de um motorista de táxi, que se vê obrigado a roubar um milhão de libras de um banco para ajudar o pai. Um dado curioso e que ainda hoje deixa orgulhoso o actor madeirense é o facto deste filme ter sido a única produção estrangeira que teve como protagonista um actor português.
Entre Portugal, Espanha e os Estados Unidos
Só em Espanha, Virgílio Teixeira viveu 12 anos e participou em 50 filmes. Ainda hoje há espanhóis que pensam que o actor até é espanhol e não português devido à sua grande participação em produções espanholas.
O maior êxito que Virgílio Teixeira teve em Espanha foi com “Agustina de Aragón” de Juan de Orduña, um filme que lhe valeu, em 1951, o prémio de Actor Mais Popular, atribuído pela revista Cine-Mundo. Ainda nesse ano, mas em Lisboa, Virgílio Teixeira recebia o Prémio da Crítica pela revista Imagem.
Ainda nos anos 60, Virgílio Teixeira decide vir para Portugal deixando para trás doze anos de vida passada em Espanha. Reconhecido pelas autoridades espanholas como uma figura importante da sétima arte, o governo espanhol, na altura sob a ditadura de Francisco Franco (militar que governou Espanha entre 1939 e 1975), chegou a conceder-lhe os mesmos direitos que os actores espanhóis, facto que adiou a sua vinda para Portugal.
A razão pela qual a Espanha se tinha tornado num atractivo destino para as grandes produtoras de cinema norte-americanas devia-se à emergente procura do reconhecimento político e ao facto das produtoras de Hollywood procurarem mão-de-obra e cenários baratos.
«E assim foi, vieram as grandes produtoras para Espanha e ali foram produzidos alguns dos maiores épicos alguma vez realizados na história do cinema».
“Alexander, the Great” (Alexandre o Grande) em 1956, de Robert Rossen; “Doctor Zhivago” (Dr. Jivago), em 1965, de David Lean; “Solomon and Sheba” (Salomão e a rainha de Saba), 1958, de King Vidor; “Tommy, the Toreador”, em 1959, de John Paddy Carstairs, “The Return of the Magnificent Seven”(O regresso dos sete magníficos) em 1966, de Burt Kennedy; “Saul and David” em 1964 por Marcello Baldi foram algumas das superproduções norte-americanas filmadas em Espanha nas quais Virgílio Teixeira participou.
Com papéis de maior ou menor importância, a verdade é que o nome do actor madeirense figurava em elencos de luxo.
Exemplo disso foi a sua participação na “runaway production” (termo utilizado para os filmes rodados em território estrangeiro), “Alexandre, o Grande”, em 1956, de Robert Rossen. Ali figuraram os melhores nomes do cinema norte-americano, entre os quais, Alec Guiness, Sophia Loren, Stephan Boyle, James Mason e Omar Sharif.
Mais tarde, em 1962, Virgílio Teixeira assinou contrato para integrar o elenco de “The Happy Thieves” de George Marshall, que contava também com as interpretações Rita Hayworth e Rex Harrison.
À conquista do cinema norte-americano
Embora tivesse sido curta a sua passagem pelos Estados Unidos da América, esta experiência serviu para Virgílio Teixeira criar amizades com grandes nomes do cinema americano.
Conhecido pela sua simpatia e extrema boa-disposição, não lhe era difícil chamar a atenção mesmo daqueles com quem não contracenava, mas que ficava a conhecer através das festas realizadas em Hollywood.
« Eu vim embora de Hollywood porque estava a sentir que aquilo ali começava a ser uma autêntica selva, onde o mais forte é que sobrevivia. Isto aqui é muito perigoso. Por muito dinheiro que possa ganhar não é bom para continuar neste meio, por isso, o melhor que tenho a fazer é voltar para Madrid”. Quando disse aos meus amigos que queria voltar tentaram dissuadir-me dizendo que eu tinha ali futuro e que era mais novo de Ricardo Montalban e Fernando Lamas [actores hispânicos que começavam a surgir com alguma frequência nas produções norte-americanas] e que podia ir ainda mais longe. Contudo, acrescentaram: “— sabes que só conseguirás papéis de personagens latinos”. E por isso não quis arriscar, e não me arrependi. Aliás, ainda hoje não me arrependo».
Madeira não foi o limite nem a paragem da vida do actor
De regresso à Madeira e ainda que andasse constantemente com um pé entre a ilha e o continente português, Virgílio Teixeira não parou de trabalhar. Entrou em várias longas-metragens, entre as quais, “O Crime de Simão Bolandas” (1984), de Jorge Brum do Canto; “Tricheurs” (1984) de Barbet Schroeder, gravado, quase na totalidade no Casino da Madeira; “A Mulher do Próximo” (1988) de José Fonseca e Costa e “Eternidade” (1989) de Quirino Simões. Pelo caminho ainda gravou 150 episódios da telenovela “Chuva na Areia (1988), e as séries televisivas “A Casa da Saudade” de Filipe La Feria e o “Hotel Bon Séjour” gravado na freguesia do Monte, no Funchal, da autoria de Ferrão Katzenstein.
« Tenho saudades de certos momentos, de certas estreias, de certas participações em festivais de cinema. Apesar de terem acontecido coisas muito boas na minha vida, se pudesse voltar atrás saberia limar muitas arestas e seguiria um outro percurso. Mesmo assim, acho que devo orgulhar-me do meu trajecto. Já cheguei, no passado, a sentir que era diferente das outras pessoas. Que não tinha uma vida “normal” como o resto dos comuns dos mortais. Agora já não sinto essa diferença mas confesso que foi uma sensação espantosa».
In “Virgílio Teixeira, Galã do cinema, Cidadão do mundo” de Lúcia Mendonça Silva; Edição do Festival Internacional de Cinema do Funchal, Novembro de 2006.

1º Festival Internacional de Cinema do Funchal

Data: 5 a 13 Novembro 2005

O 1º Festival Internacional de Cinema do Funchal, com filmes a concurso, produzidos pelos países Atlânticos decorreu de 5 a 13 de Novembro.

Os dois primeiros dias foram preenchidos com cinema ao ar livre no Auditório do Jardim Municipal, mesmo em frente ao Teatro e sede do festival.
Aqui, o publico teve a oportunidade de visionar curtas metragens em formato digital (DVD) de realizadores estrangeiros; nacionais e ainda de alunos do Departamento de Vídeo da Universidade da Madeira.
No Teatro, decorreu o festival dividido em 5 secções: Oficial (filmes a concurso); Homenagem a António da Cunha Telles; Tributo ao Cinema de Espanha; Panorama (informativo) e “AnimArte” dedicado ao publico infantil e juvenil.

A composição do Júri:
Cristina Homem de Mello – actriz portuguesa;
Dalila Carmo – actriz portuguesa;
Claudio Utrera – director espanhol, do Festival Inter. de Cinema de Las Palmas.

Convidados:
ICAM: Maria João Amaro; António Pascoalinho; Artur Castro Neves
Profissionais do meio cinematográfico: António da Cunha Telles - produtor; Victoria Abril - actriz; Patricia Bull - actriz; Pandora Cunha Telles – produtora; Francisco Bravo Ferreira – produtor e distribuidor; Nanete Miranda – distribuidora; Sérgio Saruga – distribuidora.
Comunicação Social: José Vieira Mendes - Premiere; Rui Tendinha – DN; Leonor Martins – Magazine Artes; Pimenta da França – Ag. Lusa.

Palmarés:

Grande Prémio FICF ao filme “A Ponte de St. Louis Rey”
Prémio Especial do Júri a “Vinzent“
Menção Honrosa a “O Herói”
Prémio da Critica a “Vinzent”
Prémio do Público para “Manô”.

Prémio Carreira e Homenagem a António da Cunha Telles
Prémio Carreira à actriz Victoria Abril

Mostra Internacional de Cinema do Funchal

Data: 27 Setembro a 3 Outubro 2004

Numa organização conjunta com a Cinema Novo, entidade responsável pelo festival de cinema – Fantasporto, a Mostra Internacional de Cinema do Funchal será subdividido em 4 sectores base: Animarte; Rectrospectiva; Curtas-metragens e Panorama Cinema do Mundo.
Animarte – Os mais novos também vêem cinema. A Mostra presta uma atenção especial ao público infantil madeirense com uma programação de luxo, que os adultos não vão querer perder.
Retrospectiva – A madeira vai ficar a conhecer uma das mais belas cinematografias do mundo, a neozelandesa.
Curtas-metragens – Grandes filmes de curta duração, é uma outra maneira de ver cinema. Curta... muito!
Panorama Cinema do Mundo – Cinema de diversas proveniências onde não faltam êxitos de bilheteira mundial, o público madeirense terá a oportunidade de ver belíssimos filmes na sua grande maioria em antestreia nacional.